"Brasília, 04 de junho de 2020.

Prezado Coronel de Cavalaria Carlos VINÍCIUS Teixeira de Vasconcelos,

Como ex-alunos do Colégio Militar Brasília, escrevemos ao comando dessa instituição, querida por muitos de nós, para manifestar a nossa dessatisfação com os últimos eventos relacionados ao afastamento aparentemente injustificado de um docente, a partir da exposição, em sala de aula, de fatos recentes. Tendo pertencido à Família Garança, acompanhamos atentos o posicionamento do comando do CMB com relação à abertura de processos administrativos para professores ou funcionários com base em justificativas insuficientes ou arbitrárias sobre o trabalho destes profissionais.

Dentre as metas gerais do Colégio em meados da segunda década dos anos 2000, estava: “Desenvolver no aluno a visão crítica dos fenômenos políticos, econômicos, históricos, sociais e científico-tecnológicos, preparando-o a refletir e a compreender e não apenas a memorizar, uma vez que o discente deverá aprender para a vida, e não mais para fazer provas”. Enquanto não sabemos se tal afirmação permanece como parte da missão pedagógica, certamente esperamos que o conteúdo desse objetivo educacional ainda oriente os esforços das divisões de ensino do CMB. Primeiramente, o Colégio é uma instituição de ensino, como descreve em sua missão, e portanto tem a responsabilidade de apresentar aos estudantes informações e contextos em sua totalidade.

Ainda, vale destacar que o CMB sempre foi uma instituição respeitada por seu corpo discente e docente. Contudo, posicionamentos divergentes do adotado pelo comando ou pelos altos escalões da Diretoria de Educação Preparatória e Assistencial—DEPA, ainda que se enquadrem nos padrões democráticos e da missão pedagógica do sistema Colégio Militar, são comumente rechaçados. A liberdade de cátedra é um insumo essencial para os formadores de pensamento e de cidadãos, e fundamental para a transmissão dos próprios valores propostos pela “Jovem Casa de Velhas Tradições”.

Em muitos de nossos “Manuais do Aluno,” vimos enumerados os valores do CMB: lealdade, verdade, probidade, responsabilidade, patriotismo, civismo, camaradagem, cooperação, e disciplina. Entendemos que nenhum desses valores toma precedência com relação ao outro, e que apenas exercendo excelência em cada um deles, podemos individualmente nos tornar melhores cidadãos. Logo, a educação crítica de jovens brasileiros, de acordo com os valores do próprio Colégio, passa pelo compromisso com a verdade, ainda que por vezes nos force a lidar com passados e presentes desconfortáveis.

Em suma, reafirmamos nosso apoio à autonomia do corpo docente, nosso interesse em uma resposta da parte do comando sobre o desenrolar desses acontecimentos, e nossa abertura ao diálogo com militares, professores e funcionários—muitos dos quais foram parte de nossos anos no CMB. Com isso, esperamos fazer bom uso da educação que nunca julgamos perfeita, mas da qual gostaríamos de continuar nos orgulhando.

Atenciosamente, "

TOTAL DE ASSINATURAS: 1158
RESUMO DE ASSINATURAS: https://tinyurl.com/cartaabertaaocmbresumo

ATUALIZAÇÕES AOS INTERESSADOS

1) Após atingir 1000 assinaturas, esta carta foi enviada junto às mesmas ao comando do CMB às 17h06min de Sexta-Feira 5 de Junho de 2020. De qualquer forma, a carta permanece aberta para assinaturas.

1.1) Adendo: a carta foi enviada ao comando do CMB ao endereço de email cmt@cmb.ensino.eb.br, obtido pelo site de transparência pública, com cópia carbonada às relações públicas do CMB (relacoespublicas@cmb.eb.mil.br). Cabe notar que o envio da carta não pôde ser completo ao endereço de email cmt@cmb.ensino.eb.br. que aparentemente não é mais válido. No entanto, a cópia carbonada ao relacoespublicas@cmb.eb.mil.br foi enviada com sucesso.

2) O a carta foi fechada para assinaturas às 19h de Sexta-Feira, 19 de Junho de 2020. Até esta data, não obtivemos resposta direta do CMB.