Maratona de Páscoa - Literatura
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A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana, e vinha,
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
(...)
Estupendas usuras nos mercados,
Todos, os que não furtam, muito pobres,
E eis aqui a Cidade da Bahia.
MATOS, G. “Descreve o que era realmente naquele tempo a cidade da Bahia de mais enredada por menos confusa”. In: Obra poética (org. James Amado), 1990.

1. O poema, escrito por Gregório de Matos no século XVII, *
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Também no Brasil o século XVIII é momento da maior importância, fase de transição e preparação para a Independência. Demarcada, povoada, defendida, dilatada a terra, o século vai lhe dar prosperidade econômica, organização política e administrativa, ambiente para a vida cultural, terreno fecundo para a semente da liberdade. (...) A literatura produzida nos fins do século XVIII reflete, de modo geral, esse espírito, podendo-se apontar a obra de Tomás Antônio Gonzaga como a sua ex-pressão máxima.
COUTINHO, Afrânio. Introdução à Literatura no Brasil.
Rio de Janeiro: EDLE, 1972, 7ª Ed. p. 127, 138.

2. Manifestações socioculturais do período de que trata o texto assumem grande importância para o crítico Afrânio Coutinho na medida em que *
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Não vês, Lise, brincar esse menino
Com aquela avezinha? Estende o braço,
Deixa-a fugir, mas apertando o laço,
A condena outra vez ao seu destino.

Nessa mesma figura, eu imagino,
Tens minha liberdade, pois ao passo
Que cuido que estou livre do embaraço,
Então me prende mais meu desatino.

Em um contínuo giro o pensamento
Tanto a precipitar-me se encaminha,
Que não vejo onde pare o meu tormento.

Mas fora menos mal esta ânsia minha,
Se me faltasse a mim o entendimento,
Como falta a razão a esta avezinha.
COSTA, C. M. Soneto XLVI. FILHO, D. P. (org.). A poesia dos in-confidentes, 1996.

3. O eu lírico reforça o sofrimento amoroso a partir da metáfora do menino e a ave, o que reforça a imagem poética marcada pela expressividade na   *
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Lira I
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado;
De tosco trato, d’expressões grosseiro,
Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal, e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
GONZAGA, T. A. Marília de Dirceu

4. Considerando a leitura do excerto, assinale a característica do Arcadismo a que o texto se refere: *
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A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. [...]Cuidais que só os tapuias se comem uns aos outros, muito maior açougue é o de cá, muito mais se comem os brancos. Vedes vós todo aquele bulir, vedes todo aquele andar, vedes aquele concorrer às praças e cruzar as ruas: vedes aquele subir e descer as calçadas, vedes aquele entrar e sair sem quietação nem sossego? Pois tudo aquilo é andarem buscando os ho-mens como hão de comer, e como se hão de comer.
[...]
Diz Deus que comem os homens não só o seu povo, se-não declaradamente a sua plebe: Plebem meam, porque a plebe e os plebeus, que são os mais pequenos, os que menos podem, e os que menos avultam na república, estes são os comidos. E não só diz que os comem de qualquer modo, se-não que os engolem e os devoram: Qui devorant. Porque os grandes que têm o mando das cidades e das províncias, não se contenta a sua fome de comer os pequenos um por um, poucos a poucos, senão que devoram e engolem os povos inteiros: Qui devorant plebem meam. E de que modo se devo-ram e comem? Ut cibum panis: não como os outros comeres, senão como pão. A diferença que há entre o pão e os outros comeres é que, para a carne, há dias de carne, e para o peixe, dias de peixe, e para as frutas, diferentes meses no ano; po-rém o pão é comer de todos os dias, que sempre e continua-damente se come: e isto é o que padecem os pequenos. São o pão cotidiano dos grandes: e assim como pão se come com tudo, assim com tudo, e em tudo são comidos os miseráveis pequenos, não tendo, nem fazendo ofício em que os não car-reguem, em que os não multem, em que os não defraudem, em que os não comam, traguem e devorem: Qui devorant plebem meam, ut cibum panis. Parece-vos bem isto, peixes?
VIEIRA, A. “Sermão de Santo Antônio aos peixes”. Essencial, 2011.

5. Padre Antônio Vieira fez uso de seus sermões para articular críticas à postura moral dos cristãos no Brasil colonialista. Nesse fragmento, Vieira critica o(a) *
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Capítulo XIII
(...)
— Como tardaste, Aurélia! disse ele queixoso.
—Tinha um voto a cumprir. Quis emancipar-me logo de uma vez para pertencer toda a meu único senhor, respondeu a moça galanteando.
— Não me mates de felicidade, Aurélia! Que posso eu mais desejar neste mundo do que viver a teus pés, adorando-te, pois que és a minha divindade na terra.
Seixas ajoelhou aos pés da noiva, tomou-lhe as mãos que ela não retirava; e modulou o seu canto de amor, essa ode sublime do coração que só as mulheres entendem, como so-mente as mães percebem o balbuciar do filho. (...)
— É então verdade que me ama?
— Pois duvida, Aurélia?
— E amou-me sempre, desde o primeiro dia que nos vi-mos?
— Não lho disse já?
— Então nunca amou a outra?
— Eu lhe juro Aurélia. Estes lábios nunca tocaram a face de outra mulher, que não fosse a minha mãe. O meu primeiro beijo de amor, guardei-o para minha esposa, para ti...
Aurélia estava lívida, e a sua beleza, radiante há pouco, se marmorizara.
ALENCAR, J. Senhora. In: Perfis de mulher. Rio de Janeiro: José Olym-pio, s/d, 5ª edição, vol. 7, p. 226-229.

6. O narrador de Senhora deixa revelar a visão sobre a figura da mulher na concepção romântica. A partir das palavras deste narrador, é possível inferir que *
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Minha desgraça
Minha desgraça não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco...
E, meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco...
Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro...
Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido
cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro...
Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que meu peito assim blasfema,
É ter por escrever todo um poema
E não ter um vintém para uma vela.
AZEVEDO, Álvares de. Lira dos Vinte Anos.

8. Álvares de Azevedo é reconhecidamente vinculado à geração “byroniana” do Romantismo. Essa característica fica mais evidente pelo uso de expressões como *
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