Apoie: Manifesto pela independência do PSOL

Este é o primeiro ano em que, no Brasil, os trabalhadores e a juventude veem de um lado um governo dirigido por Lula e de outro uma oposição bolsonarista de extrema-direita, intolerante, preconceituosa e que anseia por um golpe militar. Mas este não é o verdadeiro antagonismo na sociedade brasileira. O governo dirigido por Lula é também o governo que tem Alckmin como vice e Ministro da Indústria, é o governo que tem o bolsonarista declarado José Múcio Monteiro como ministro da Defesa. As instituições ditas “democráticas” e seu “Estado democrático de direito” atacados pela extrema-direita e defendidos pelo governo Lula-Alckmin são as mesmas instituições e o mesmo Estado responsáveis pelo assassinato e encarceramento da juventude negra, pelo permanente saque da riqueza produzida pela classe trabalhadora através do pagamento dos juros da dívida pública em detrimento dos necessários investimentos em saúde, educação, habitação, cultura etc.

Em 2022, unimos esforços pela derrota eleitoral de Bolsonaro através da eleição de Lula. Mas é imprescindível evidenciar que entre o voto para derrotar Bolsonaro e a participação do PSOL no atual governo Lula-Alckmin há um abismo cuja queda pode ser fatal para o Partido Socialismo e Liberdade.

O PSOL nasceu justamente para ser instrumento de uma oposição de esquerda ao então primeiro mandato do governo Lula que expulsou do PT parlamentares que se recusaram a dar seu voto para atacar direitos previdenciários dos trabalhadores. Agora, o governo Lula-Alckmin é um governo de união nacional com a burguesia e promete ser uma edição muito piorada do que foram os governos anteriores encabeçados pelo PT. Por que então o PSOL deveria participar de tal governo?

O governo Lula-Alckmin acolhe ministros de direita de diversos matizes, inclusive bolsonaristas declarados, todos representantes de diferentes setores da classe capitalista que explora a maioria do povo brasileiro e têm interesses antagônicos aos da classe trabalhadora. Este governo já assumiu seu compromisso com a responsabilidade fiscal, ou seja, seu compromisso em garantir e priorizar o pagamento da fraudulenta dívida pública, transferindo ainda mais porções do montante de mais-valia produzida pela classe trabalhadora brasileira para os donos do capital financeiro internacional. Qual poderia ser o lugar do PSOL neste governo?

É preciso aprender com as lições da história. Na Itália, por exemplo, depois que o antigo Partido Comunista, o partido de massas da classe trabalhadora italiana, se transfigurou em Partido Democrata, os que resistiram a esta capitulação lançaram o Partido da Refundação Comunista (PRC) que, proporcionalmente, era maior do que o PSOL é hoje aqui. Mas, a direção do PRC cometeu o erro de participar do governo encabeçado pelo Partido Democrata em coalizão com a burguesia. O resultado foi a total desmoralização do PRC que hoje não é capaz sequer de eleger deputados e perdeu a oportunidade histórica de ser um polo de reorganização da classe operária italiana.

O que se prepara no Brasil é um acirramento da luta de classes, com choques brutais que resultarão em desenvolvimentos imprevistos e sem precedentes. O governo Lula-Alckmin governará para o capital, privatizando, aprofundando a retirada de direitos e a repressão. A oposição de extrema-direita bolsonarista vai buscar se construir criticando e atacando o governo permanentemente. A classe trabalhadora, resistindo, buscará algo à esquerda. E o que encontrará para se utilizar se o PSOL estiver participando do governo?

A responsabilidade do PSOL é manter sua independência e organizar um polo de resistência aos ataques do governo Lula-Alckmin, de luta pelas reivindicações da classe trabalhadora e da juventude. Uma oposição de esquerda, que jamais possa ser confundida com a oposição bolsonarista, portanto que combata pela revogação das contrarreformas aplicadas nos últimos anos, contra as privatizações, pelo não pagamento da dívida e por mais verbas para a saúde, educação, moradia, cultura etc. Este é o polo necessário para impedir que toda oposição ao futuro governo tenha como único canal para se expressar a oposição de extrema-direita. No caso de ataques da direita bolsonarista ao governo Lula, o PSOL poderá atuar em frente única na defesa do governo, mas, assim como fizemos na luta contra o impeachment de Dilma, com independência de classe, sem baixar nossas bandeiras e sem deixar de fazer as críticas. Só assim o PSOL poderá ter a chance de ocupar na história o papel de ser reorganizador das lutas da classe trabalhadora brasileira.

Uma eventual decisão do Congresso do PSOL pela participação do partido no governo Lula-Alckmin estará condenando o partido fundado para lutar pelo socialismo a submeter-se aos interesses da grande burguesia e do imperialismo. É preciso travar um combate em direção ao Congresso Nacional do PSOL previsto para 2023. Impedir a integração do PSOL no governo de união nacional e reverter a decisão da maioria da direção do partido que deu a permissão a militantes do PSOL de ocuparem cargos no governo Lula-Alckmin. O resultado deste combate impacta não somente o futuro do PSOL, mas os desenvolvimentos para a reorganização da classe trabalhadora no país.

O verdadeiro antagonismo na sociedade brasileira é o antagonismo entre as classes. Portanto, embora o combate ao bolsonarismo seja uma prioridade incontornável, ele não pode se dar em detrimento da luta de classes. Só com total independência em relação a este governo e combatendo por cada direito e conquista da classe trabalhadora é que o PSOL estará apto a ocupar o lugar que a história reserva somente aos partidos dignos de se chamarem socialistas!

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