SOBRE A OFICINA: A crítica de cinema, além de ser um importante recurso de promoção de um filme, também estabelece uma interessante mediação entre cineasta, obra e público, assim como funciona como registro histórico. No Brasil, essa atividade já passou por diversas fases, ao longo do século XX, desde momentos mais áureos, entre os anos 1940 e 1960, a perda de espaço e prestígio, a partir da década de 1970, até sua retomada, com a emergência da internet, nos anos 1990, o que possibilitou Novos formatos. O ciberespaço, de fato, tem se configurado como lugar ideal para a produção crítica de cinema, alcançando grupos maiores de produtores e receptores. Entretanto, a crítica de cinema no Brasil ainda tem uma forte ligação com o pensamento eurocentrado, cujos modelos analíticos foram importados para o país e, no geral, tem servido já há muito tempo de suporte para análise de filmes brasileiros. Em relação às produções audiovisuais divergentes a exemplo da negro-brasileira e LGBTQIA+, além de um aparente processo de invisibilização, há uma recorrente tendência em analisar estas obras com base, apenas, nas mesmas referências ocidentais, que normalmente não contemplam as potencialidades e particularidades destes filmes, o que, consequentemente, reforça o desenvolvimento e a consolidação de leituras e interpretações preconceituosas, enquanto rejeita as novidades (estéticas e temáticas) oferecidas pelos cineastas independentes. Estas produções apenas passarão a ganhar olhares diferenciados, ou melhor, passaram a ser apreciadas como essencialmente são, isto é, “como imagens decorrentes de outra cultura (e não de uma cultura imaginada e pré-fabricada pelo ocidente), quando se ampliar no público o exercício crítico, através de recursos e referências que revejam e não reproduzam análises meramente centradas nas categorias da crítica eurocêntrica hegemônica, reflexão que se pretende alcançar com esta oficina com base na Teoria Decolonial.
SOBRE O MINISTRANTE: Lecco França é professor universitário, escritor, pesquisador dos cinemas africanos e afrodiaspóricos, curador e crítico de cinema, com experiência e formação na área. Foi idealizador e mediador dos Encontros Afro-latino-americanos (2015), coorganizador do Cine-debate Áfricas-Bahia (PROEXT-UFBA, 2016-2017), curador da Mostra Itinerante de Cinemas Negros Mahomed Bamba (2018-2019), da Egbé – mostra de Cinema Negro de Sergipe (2021), do Festival de Cinema Baiano (2021) e do Cineclube Antônio Pitanga (2020-2021). Também já participou da oficina de Crítica de Cinema do Cachoeiradoc, em 2015, de oficinas de crítica do Panorama Internacional Coisa de Cinema, em 2016 e 2019, e foi um dos participantes da primeira edição do Talent Press-Rio (Berlinale Talents / Goethe Institut / Fipresc), programa de capacitação e treinamento voltado para jovens jornalistas e críticos de cinema de países de língua portuguesa, no Festival do Rio, em 2016. Atualmente escreve sobre cinema nas suas redes sociais, no blog
leccofranca.blogspot.com e na Revista Afirmativa.