NOTA DE REPÚDIO À TENTATIVA DE INTIMIDAÇÃO DA DEPUTADA TALÍRIA PETRONE
O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, enviou uma interpelação extrajudicial à deputada Talíria Petrone demandando que a mesma responda acerca das motivações de sua fala em plenário denunciando o cunho racista das declarações do Presidente da Casa, sob pena de possíveis consequências jurídicas.

A deputada Talíria Petrone denunciou a fala racista de Arthur Lira, que classificou a ação dos indígenas como violenta, acusando-os de usar drogas, fumarem e “dançarem” na Câmara, além de afirmar que os mesmos invadiram a “casa do povo”. Tudo isso de maneira pejorativa, preconceituosa e desqualificante. É a expressão clássica do racismo e o etnocentrismo anti-indígena do país, que os trata como incivilizados, insolentes, desordeiros. Se não chamasse de racismo, chamaria de quê?

Pois bem, precisamos falar de racismo em um país que nunca foi capaz de superar a herança colonial e escravocrata, que o número de mortes violentas é também um retrato da desigualdade racial no país, em que 71,5% das pessoas assassinadas são negras ou pardas, com baixa escolaridade e não possuem o ensino fundamental concluído.

Numa fala em defesa dos povos indígenas em luta - em lutas pelas terras, contra as invasões, pela demarcação de terras indígenas, contra os ataques brutais do governo Bolsonaro – a deputada reforça o quanto o presidente da Câmara desqualifica, rebaixa e secundariza as lutas e a cultura de um povo, na intenção de desvalorizar os processos de resistência em curso.

Podemos falar de Lélia Gonzalez, Abdias Nascimento, Florestan Fernandes, Clóvis Moura, Aníbal Quijano para definir racismo, mas de modo geral o racismo acontece quando um grupo é subjugado por outro e é subjugado em toda sua expressão de vida: as suas crenças, a sua visão de mundo, as suas verdades. Quando o presidente da Câmara diz que os indígenas estão sendo violentos, qual a verdade que está sendo imposta? Quem é o violento? Quem luta pela vida e seus direitos ou quem retira terras, contra as demarcações, a favor das invasões de terras e pelo fim dos direitos conquistados com muita luta?

O racismo é tão violento que, ao desumanizar, desqualificar e hierarquizar povos e sujeitos, acaba por impor uma lógica de mundo e vida da classe dominante, no caso branca e burguesa, para o conjunto da sociedade. Isso se agrava diante da tentativa de calar uma deputada negra, socialista, feminista, mulher eleita para defender as pautas e os direitos do nosso povo. A tentativa de silenciamento é a mais evidente prova do racismo institucional.

Nós abaixo assinados, repudiamos qualquer tentativa de racismo e silenciamento das representantes do povo. Seguimos firmes na luta e na denúncia! Não nos calarão!
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