Falar de intervenção no final da vida, sobretudo quando há uma doença neurodegenerativa, uma demência, é quase sempre um assunto menor. Quando já não se reabilita, nem se retarda o declínio, já ‘só’ se acompanha a perda, porque é que há tanto que se pode fazer.
Esta é a história da D. Esperança – reformou-se aos 70 e, a partir daí, adaptou-se aos desafios de três décadas de vida: a entrada nos programas comunitários, a viuvez, os primeiros esquecimentos, a progressão da demência e a entrada num lar. Foi feliz. Em todos estas fases e também nos momentos de final de vida, em que não deixou de ser a D. Esperança. Aqui, foi capaz de expressar as suas últimas vontades, mesmo quando lhe faltaram as palavras, porque quem cuidou dela, conhecia as suas expressões e os seus gostos. Depois de morrer, as boas práticas que criou, no seu cuidado, perpetuaram-se para o acompanhamento das outras pessoas e, a sua história, ajuda a serenar os medos de quem se sente perto da morte.
Vamos conhecer a D Esperança, a partir da Gerontopsicomotricidade, pelas autoras do livro ‘Gerontopsicomotricidade, Manual de Apoio ao Psicomotricista’, Catarina Branquinho, Ana Morais e Cristina Espadinha, Psicomotricistas, que trabalham com pessoas idosas, nas diferentes idades e fases do envelhecimento e também com os seus cuidadores, formais e informais.