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A pandemia do coronavírus endossou o debate em torno da necessidade de um modelo de desenvolvimento socioeconômico que priorize o patrimônio ambiental e social brasileiro.
Pensando nisso e nos caminhos para a retomada econômica depois que a pandemia passar, o GT Infraestrutura lança uma série de encontros online, o Ciclo WebGTInfra: Renovação Verde da Economia e Infraestrutura na Pós-Pandemia: oportunidades, riscos e desafios.

O segundo encontro aberto da série será realizado no próximo dia 02/09, às 16h (horário de Brasília), terá como tema "Sem social não tem ambiental: Saúde, Saneamento e as Políticas Sociais para o Desenvolvimento Regional" com foco na região do Rio Tapajós.

O COVID-19 é uma pandemia de proliferação rápida, que demanda medidas emergenciais para evitar o contágio, bem como o preparo dos serviços de saúde. A sua chegada à Amazônia evidenciou o abismo infraestrutural da região em relação às outras do país.

No campo assistencial, por exemplo, SP entrou na crise com um respirador para cada 2,4 mil habitantes, enquanto em Macapá era 1 para cada 9 mil, e em Santarém, município polo do Tapajós no oeste do Pará, a relação era ainda pior: de 1 equipamento para cada 20 mil habitantes. Não bastasse isso, diante de uma pandemia que se combate entre outras medidas com higiene, se a situação de saneamento do país deixa a desejar – com 34 milhões de brasileiros sem acesso a água tratada – os indicadores no Norte são vergonhosos, com apenas 18% do esgoto tratado, região onde se encontram ainda os 6 piores municípios dentre as 100 maiores cidades do Brasil (Fonte: Trata Brasil).

Não foi à toa que o Amazonas foi o 1º estado do país a colapsar e a pandemia insiste em continuar crescendo na região, agora rumo a interiorização, o que torna o desafio da saúde ainda maior em função das longas distancias, dificuldades de acesso e comunicação

As populações rurais estão distribuídas ao longo de rios e estradas, em comunidades ou aldeias que variam entre 30 e 200 famílias, muitas delas distantes dos centros urbanos, em situação de risco e vulnerabilidade. Embora a presença do sistema público venha aumentando, ainda tem alcance insuficiente.

Há de se considerar que, mesmo em territórios federais (Unidades de Conservação, Assentamentos, etc), a execução na ponta das políticas sociais são atribuições das esferas mais próximas, em especial dos municípios. No entanto, os mecanismos de arrecadação seguem padrões nacionais, sem atentar para as especificidades amazônicas, com populações dispersas em municípios do tamanho de países – vizinhas de Santarém, Altamira é maior que a Grécia, Itaituba no Médio Tapajós equivale a duas Bélgicas.

Diante de custos logísticos superiores a qualquer outra região do país, a conta jamais vai fechar sem a soma de esforços entre governos e instituições, bem como estratégias diferenciadas para que os serviços assistenciais alcancem principalmente as zonas mais remotas, com indicadores sociais bastante inferiores à média nacional.

Por entender que, sem respostas às mazelas sociais da Amazônia, jamais vai se encaminhar soluções mais efetivas no enfrentamento também das mazelas ambientais (desmatamento, exploração predatória, contaminação dos rios, etc), tampouco caminhos para o dito Desenvolvimento Regional Sustentável, vimos propor essa reflexão como um dos debates para a série de Webinários do Tapajós.

A partir das lições apreendidas com os impactos da pandemia de covid-19 na região, espera-se que essa reflexão possa despertar novos rumos, bem como a devida atenção em torno de modelos, estratégias e politicas sociais adequadas e adaptadas à realidade e ao contexto amazônico.

O que: Webinário "Saúde, Saneamento e as Políticas Sociais para o Desenvolvimento Regional" com foco na região do Rio Tapajós.

Quando: Quarta-feira 02/09
Horário: 16h (Brasília)
Onde: Youtube do GT Infra: encurtador.com.br/cqwUW e
Facebook do GT Infra https://www.facebook.com/gtinfraestrutura

Palestrantes convidados:

- Cleidiane é enfermeira e Chefe do Distrito Sanitário Especial Indígena Rio Tapajós em Itaituba
- Eugênio Scannavino é médico e fundador do Projeto Saúde e Alegria - PSA
- Marcos Boulos, livre docente da USP em doenças infecciosas.