Adesões à carta de apoio
CARTA EM APOIO ÀS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL NA CAPOEIRA

A violência sexual contra mulheres, crianças e adolescentes está imbricada em uma sociedade que compactua com tais práticas em diferentes ambientes e espaços sociais. Essa é uma luta travada diariamente por coletivos e grupos socialmente organizados para impedir que aconteça esse tipo de violência ou crime e para denunciar quem a comete.

Infelizmente em espaços de capoeira também ocorrem e são acobertadas de várias formas. Praticantes de capoeira são acometidas por tais violências em grupos, escolas, eventos e todos lugares que circulam para praticar capoeira. Esses espaços não são seguros por vários motivos, dentre eles  a cumplicidade entre lideranças e a certeza da impunidade.

Em junho deste ano veio a público mais denúncias (https://apublica.org/2021/06/capoeiristas-denunciam-mestres-de-um-dos-maiores-grupos-do-pais-por-crimes-sexuais/), estas e outras encontram-se em tramitação judicial.

Nós das Marias Felipas fomos contactadas por uma dessas denunciantes, a qual nos relatou o quanto estava sofrendo retaliações, ameaças, insultos e descrédito por sua corajosa atitude. De acordo com ela, a morosidade do sistema e a cumplicidade nos grupos tornam o cotidiano uma verdadeira luta pela sobrevivência. Não poder estar nos espaços de capoeira e ainda, por cima, ser desacreditada torna ainda mais difícil uma vida digna e segura para ela, sua família, outras famílias de denunciantes e amigos. Em suas palavras: “Nós ficamos recuados e parece que a gente é que está errado”. Como ela, existem muitas.

Sabemos que, após o encaminhamento de denúncias, as pessoas que tiveram a coragem de recorrer à justiça estão sendo ameaçadas e constrangidas pelos acusados e seus pares ou colegas de capoeira. Essas vítimas estão sendo impedidas de seguir praticando a capoeira visto que os espaços em que acontecem as rodas e os treinos continuam sendo frequentados, quando não liderados, pelos próprios abusadores. Essa situação configura-se, portanto, como uma inversão de papéis quando é a vítima do abuso que se encontra descredibilizada, excluída da convivência social. A vítima é afastada de uma prática que, além de ser parte integrante da sua vida e fonte de saúde e sociabilidade, poderia se constituir como forma de apoio e resiliência diante dos traumas vivenciados.

Devido a essas e outras graves denúncias de violência sexual contra menores e mulheres na capoeira formalmente registradas junto ao Ministério Público em vários estados do Brasil, vimos por meio desta comunicação, demandar respostas efetivas dos poderes públicos e agentes da capoeira no sentido de proteger e apoiar as vítimas de violência sexual e suas famílias que denunciaram esses casos de abusos sofridos no âmbito de grupos de capoeira.

A demora no andamento dos processos criminais é comum, porém, é preciso instaurar mecanismos para que essa morosidade não acabe resultando em novas vitimizações. Além da exposição dos denunciantes e suas famílias a atos de retaliação, outras vítimas potenciais continuam expostas à autoridade de professores e mestres acusados de praticar as violências, justamente no âmbito das suas atividades de lideranças e ensino em grupos de capoeira.

Nesse sentido, pedimos que os responsáveis pela condução das atividades dos grupos de capoeira em que houve denúncias afastem os acusados das atividades educativas, rituais e celebrações de maneira a preservar a integridade física, moral e psicológica de denunciantes e demais participantes. Nesse mesmo objetivo, consideramos que os/as organizadores/as de eventos de capoeira devem se responsabilizar na hora de convidar ou convocar as pessoas denunciadas para dar aulas ou oficinas e participar de rodas ou qualquer situação em que terão autoridade sobre grupos de alunos. Também pedimos aos órgãos públicos maior agilidade e eficiência na resolução dos casos denunciados e ações direcionadas ao afastamento dos acusados enquanto não se chega à conclusão dos processos.

Estendemos o convite à comunidade da capoeira para que se manifeste e solidarize em favor das vítimas, trazendo ao seu convívio na capoeira este debate e cobrando uma postura ética de suas lideranças e participantes. Entendemos que a omissão e o corporativismo machista resultam num esvaziamento das denúncias e na impunidade dos abusadores.

Chamamos você para quebrar este ciclo assinando esta CARTA EM APOIO ÀS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL NA CAPOEIRA e divulgando em suas redes. Desta forma poderemos trazer uma ação de apoio efetiva aos denunciantes.

Assinam esta carta:
Grupo  de estudos e intervenção feminista na capoeira Marias Felipas
Coletivo de Capoeira Angola Gira Ginga
Capoeiraàcolher
Ginga Feminista
Encapoeiradas - Coletivo de Mulheres capoeiristas e feministas
Movimento Angoleiras de Goiânia
Grupo de Capoeira Onda Santa Fé
Maria Antonieta Giongo pelo 8M Greve Internacional de Mulheres - Porto Alegre RS
Marilu Goulart
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