JUSTIFICAÇÃO E OBJETIVOS

Vivem-se momentos paradoxais na democracia contemporânea. Por um lado, assiste-se a um afastamento dos cidadãos da política, cuja agenda, prioridades e virtualidades não conseguem compreender, e também a um crescente reconhecimento da excessiva distância entre a sociedade e as formas tradicionais de ação e de participação política, feitas de práticas pouco regulares, consequentes e motivadoras. Por outro, constata-se uma crescente disponibilidade para novas formas de participação cívica em defesa de temas que conhecem e dominam: as cidades e os bairros onde residem.
Estas distâncias e posicionamentos têm vindo a ganhar uma perceção pública cada vez maior, devido a um crescente reconhecimento da importância da vida urbana, dos bairros e da coesão nos territórios para a atratividade das cidades e da fragilidade dos seus instrumentos de planeamento e da sua racionalidade, distantes de uma visão coletiva de progresso, de desenvolvimento, de sustentabilidade.
Ao contrário do passado, estas novas consciências ecológicas e territoriais, bem como estas novas disponibilidades cidadãs não são só reativas, de protesto, mas também proativas na discussão de modelos de cidade, na identificação de projetos comuns e até na sua concretização a título experimental/tático ou mesmo a título mais amplo e estratégico. Mais do que um esforço louvável e importante para haver melhores cidades e bairros, poderá estar aqui em causa um contributo inestimável para um exercício de reinvenção dos territórios, das cidades e da própria democracia, feitos desde logo a partir da escala de maior proximidade, ou seja, as escalas dos quotidianos ou dos bairros.
No quadro de uma emergente colaboração entre investigadores da Universidade de Aveiro e de outras universidades portuguesas (UNL, ICS, ISCTE, FAUP, FA UC) com organizações institucionais e da sociedade civil em processos participativos, um ano após a organização em Portugal da primeira iniciativa de laboratórios cívicos, o Lab Cívico de Santiago realizado em Aveiro, inspirado no Experimenta Distrito de Madrid,  e aproveitando o lançamento de uma iniciativa da Reitoria da UA sobre o tema Cidades, foi entendido que se justificava a produção de uma reflexão alargada e profunda sobre as novas experiências de democracia de proximidade à escala do bairro  e a tentativa de criação de uma agenda para o incentivo e a promoção de novas formas de envolvimento cidadão e de organização cívica, institucional e política de proximidade.
Para tentar responder a este desafio, sugere-se um modelo de encontro diferente do habitual. Só haverá um painel inaugural com duas apresentações de convidados internacionais e depois o evento terá um conjunto de mesas redondas, sem apresentação powerpoint, com questões enviadas previamente pelos participantes inscritos e coligidas pela organização. As mesas redondas terão um moderador e um relator que apresentará as conclusões no final de cada sessão. Os oradores enviarão antecipadamente uma folha A4 com uma pequena provocação para a reflexão, um convite para a participação neste encontro.

UA CIDADES

A iniciativa UAcidades/UAcities tem como objetivos a valorização do conhecimento produzido na UA sobre cidades e a promoção de novas formas de colaboração interdisciplinar dentro da academia e entre esta e a comunidade. Procura, assim, criar condições para afirmar a UA como referência na reflexão, na produção de conhecimento e na criação de cidades mais justas e sustentáveis.
Em estreita ligação com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 11 - Cidades e Comunidades Sustentáveis, a UAcidades/UAcities irá desenvolver e estimular um conjunto diverso de iniciativas, em todas as áreas de missão da UA (formação, investigação e cooperação), contribuindo para a visão apresentada no Plano Estratégico 2019-2022: “Criar e transmitir conhecimento para transformar vidas, comunidades e a sociedade em geral, promovendo a formação para a cidadania, no respeito pela liberdade, igualdade e dignidade da pessoa humana.”

PROGRAMA PROVISÓRIO

9:00 Boas vindas
Paulo Jorge Ferreira, Reitor UA
Filipe Teles, ProReitor UA
Rosa Monteiro, Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade

9:45 Os desafios da inovação cidadã à escala do bairro, enquadramento concetual
António Lafuente, CSIC / Laboratorio del Procomún - Madrid
Marcos Garcia, Medialab Prado - Madrid
Moderação:  Pedro Calado, Programa Gulbenkian Desenvolvimento Sustentável
Comentário: João Ferrão, ICS

11:15 Café
11:30 Iniciativas de Inovação cívica  
Laura Sobral, A Cidade precisa de você - SP, ISCTE
Manuel Arriaga, NY University
Bernardo Branco Gonçalves, My Polis
José Carlos Mota, UA - Lab Cívico Santiago
Moderação:  Ângela Fernandes, UA
Comentário: João Seixas, FCSH-UNL

12:45 Almoço Livre
 
14:15 Programas participativos de bairro
Paula Cristina Marques, CML - Programa BIP ZIP
Alexandra Paio, ISCTE - Technopolitics In Urban Regeneration
António Guterres, Fundação Aga Khan - Programa KCidade
Luís Madureira Pires, Fundação Calouste Gulbenkian - Programa Cidadania Ativa
Moderação: Rosa Madeira, UA
Comentário: Roberto Falanga, ICS

15:30 Iniciativas participativas de bairro
Rui Pedro Martins, Vizinhos do Areeiro
Renato Cardoso, Associação de Moradores do Castelo da Maia
Pompílio Souto, investigador
Moderação: Tiago Mota Saraiva, Ateliermob
Comentário: Bernadete Bittencourt, UA

16:45 Café


17:00 Democracia de bairro, desafios para o futuro
António Lafuente, CSIC / Laboratorio del Procomún - Madrid
Marcos Garcia, Medialab Prado- Madrid
João Ferrão, ICS
Filipe Teles, UA
José Alberto Rio Fernandes, FLUP
Moderação: Vítor Belanciano, Público

18:00 Balanço e próximos passos
João Seixas, FCSH-UNL
Manuel Arriaga, NYU
Pompílio Souto, Plataforma Cidades
José Carlos Mota, UA

18:30 Encerramento

Comité organizador
Universidade de Aveiro, Universidade Nova de Lisboa, Plataforma Cidades


Contactos
José Carlos Mota, UA (jcmota@ua.pt)
Facebook: https://www.facebook.com/groups/democraciadebairro/ 
Site: https://democraciadebairro.wordpress.com/