Tráfico de escravizados moçambicanos
O grande tráfico de moçambicanos para o Brasil só ocorreu quando o movimento abolicionista começou a se delinear. Registros históricos indicam a existência, no Rio de Janeiro, de um comércio de escravos vindos da costa oriental da África, desde 1645 mas ele era intermitente e representava uma parcela diminuta dos cerca de 2,5 milhões de outros escravos bantos e nagôs, que chegaram ao país até o início dos anos 1800. Essa realidade começou a mudar depois que a Inglaterra passou a exercer forte pressão internacional para extinguir o comércio negreiro no Atlântico, impondo tratados e leis que coibiam essa prática. Para fugir da vigilância britânica e das consequentes sanções legais, os comerciantes de escravos passaram a buscar novas rotas e portos mais remotos.
Foi nesse contexto que o tráfico de negros oriundos da costa índica africana atingiu grandes proporções em nosso país, na primeira metade do século XIX. Para se ter uma ideia do aumento, entre 1795 e 1810 – data em que foi assinado o primeiro ato formal de Portugal contra o sistema escravista – apenas 15 navios carregados com cativos moçambicanos haviam aportado no Rio. Nos 20 anos subsequentes, esse número aumentou para 239. E, a partir de 1831 – data em que todo o tráfico passou a ser enquadrado como pirataria, conforme convenção ratificada por dom Pedro I e a Coroa Inglesa, em 1827 –, se verificou uma corrida desenfreada pela compra de africanos.