o início da década de 70, a arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire comandou uma missão franco-brasileira na região de Lagoa Santa. Sua equipe fez escavações numa área de 300 metros quadrados, situada dentro de uma gruta, a Lapa Vermelha IV. Lá, em 1974, topou com os restos de um esqueleto, incluindo o crânio, a 11 metros de profundidade. Tratava-se de uma mulher jovem que morrera em circunstâncias desconhecidas e não havia sido sepultada. Era aquela que, duas décadas depois, ganharia o nome de Luzia.Pedaços de carvão encontrados na mesma camada que o fóssil tinham entre 14 mil e 18 mil anos. Por equivalência, a equipe concluiu que o crânio exibia idade semelhante. Mais tarde, porém, o francês André Prous – aluno de Laming-Emperaire que participou da missão e se tornou professor da Universidade Federal de Minas Gerais – demonstrou que não convinha usar os carvões para datar a descoberta. É que o crânio, antes de ser soterrado por sedimentos, rolara de uma camada mais alta para uma mais baixa.Laming-Emperaire morreu subitamente em 1977, sem ver a data do fóssil corrigida. Foi vítima de um vazamento de gás ao tomar banho num hotel em Curitiba. Vinte anos antes, seu marido, José Emperaire, já havia morrido de maneira acidental, durante uma escavação na Patagônia chilena. “Madame Emperaire morreu completamente equivocada”, comentou Neves. Se a datação inicial estivesse correta, acrescentou, seria uma evidência irrefutável da presença humana nas Américas há pelo menos 14 mil anos. “Em outras palavras: seria a prova de que existiu no continente um grupo mais velho que o povo de Clóvis.” Após a aula no centro de Mídias e trecho da reportagem assinale a definição do porque nossa ciência não é levada a serio. *