Crescem as evidências de que a degradação civilizatória a que estamos submetidos está entrando em novo patamar, depois da convocação de manifestações contra o Congresso Nacional e contra o Supremo Tribunal Federal, em uma nítida ruptura com as instituições e marcos democráticos fixados pela Constituição de 1988. Parece evidente que vivemos um processo de intimidação e assédio a quem possa defender o Estado de Direito.    

Essa grave ameaça ocorre em um contexto de crise que persiste, ampliando as desigualdades sociais, marginalizando amplos segmentos da população, precarizando os trabalhos e reduzindo drasticamente as políticas de apoio aos mais pobres. A esse quadro se alia o desmonte do sistema de ciência e tecnologia, as constantes ameaças às universidades públicas e a todo o sistema educacional, o desmonte das políticas públicas de saúde e assistência social.  

Ao mesmo tempo, para além da naturalização de racismo, crescem os ataques às mulheres, à juventude (em especial aos jovens negros), aos indígenas e à população LGBT. Não há como superar os históricos problemas de uma sociedade profundamente desigual fora dos marcos democráticos duramente reconquistados há pouco mais de trinta anos.  

Torna-se imperativo que as pessoas entendam como essa condição as afeta no cotidiano de suas vidas, levando o país para um lugar que não corresponde à nossa história. Trata-se de uma narrativa cheia de contradições e violência que imobiliza e enfraquece as manifestações, tão importantes em um Estado Democrático. Em um momento se usa o discurso de líderes fascistas; em outro o ataque aos poderes da República.

Já vivemos longos anos sob uma ditadura que trancou as portas do Parlamento, rasgou a constituição, assassinou, prendeu e cassou direitos na perseguição a opositores. Impossível assistir ao desmonte do país sem nos indignarmos. Não queremos de volta um passado que nos envergonha e envergonha o país no cenário mundial.

Diante disso, as entidades de Psicologia abaixo assinadas, que defendem o compromisso da Psicologia com a democracia e o respeito aos direitos humanos, vem à público declarar seu repúdio ao processo de desmonte do Estado de Direito no país e exigir que as responsabilidades sejam cobradas a quem ouse tentar subverter a convivência democrática.