EXPERIÊNCIA
E REFLEXÃO
“No
extremo verdor dos anos presumimos muito de nós, e nada, ou quase nada, nos
parece escabroso ou impossível. Mas o tempo, que é bom mestre, vem nos diminuir
tamanha confiança, deixando-nos apenas o que é indispensável a todo homem, e
dissipando a outra, a confiança pérfida e cega. Com o tempo, adquire a reflexão
o seu império e eu incluo no tempo a condição do estudo, sem o qual o espirito
fica em perpetua
infância.
Dá-se então o contrário do que era dantes. Quanto mais versamos os modelos,
penetramos as leis do gosto e da arte, compreendemos a extensão da
responsabilidade, tanto mais e nos acanham as mãos e o espirito, posto que isto
mesmo nos desperte a ambição, não já presunçosa, senão refletida. Esta não é
talvez a lei dos gênios, a quem a natureza deu o poder quase inconsciente das
supremas audácias; mas é, penso eu, a lei das aptidões médias, a regra geral
das inteligências mínimas. ”
Machado
de Assis
10)
Segundo o texto, o que permite o espírito ficar em perpétua infância?