A produção de gado ruminante é hoje em dia
frequentemente considerada como a culpada de uma elevada pressão ambiental.
Esta palestra visará uma avaliação equilibrada dos seus impactos e benefícios,
e apresentará caminhos para minimizar os primeiros e maximizar os últimos,
tendo Portugal como principal caso de estudo. Começa com os desafios das
alterações climáticas, da conservação da biodiversidade, da perturbação dos
ciclos do azoto e do fósforo e o do aumento da competição pela terra. Aborda o
papel crítico do azoto num sistema alimentar sustentável e os méritos relativos
do processo de Haber-Bosch e das leguminosas como fontes de azoto para o
sistema alimentar. De seguida, centra-se no papel especial dos ruminantes num
sistema alimentar sustentável, devido à sua capacidade de processar alimentos
não comestíveis para humanos (nomeadamente ricos em fibras) transformando-os em
leite e carne de elevado valor nutritivo para consumo humano e nutrientes para
a produção vegetal, mas com trade-offs, nomeadamente no que diz respeito
a emissões de metano mais elevadas associadas a alimentos menos digeríveis. Com
base nisso, propõe um modelo para produção sustentável de carne bovina em áreas
mediterrâneas, abrangendo o uso de pastagens permanentes semeadas biodiversas ricas
em leguminosas, a integração de pastagens e silvicultura (montado) e a engorda
intensiva optimizada, incluindo com base em sub-produtos da indústria alimentar
e com recurso a aditivos redutores das emissões de metano.