MAL-ESTAR: UM TEMPO QUE NÃO CESSA - 22 E 23 DE SETEMBRO
XIX Ciranda de Psicanálise e Arte - 22 e 23 de setembro de 2023
Mal-estar: um tempo que não cessa
“Os homens não são criaturas gentis que desejam ser amadas e que, no máximo, podem
defender-se quando atacadas; pelo contrário, são criaturas entre cujos dotes instintivos
deve-se levar em conta uma poderosa quota de agressividade. Em resultado disso, o seu
próximo é, para eles, não apenas um ajudante em potencial ou um objeto sexual, mas
também alguém que os tenta a satisfazer sobre ele a sua agressividade, a explorar sua
capacidade de trabalho sem compensação, utilizá-lo sexualmente sem o seu consentimento,
apoderar-se de suas posses, humilhá-lo, causar-lhe sofrimento, torturá-lo e matá-lo”.¹
O tempo organiza os ideais civilizatórios que dependem de uma realidade histórica, a qual é
um mecanismo apenas percebido por aqueles mais atentos ao fato de que “entre a ordem da
ação e dos valores existe uma contradição. Essa contradição é a condição humana. Não se
pode escapar a ela.”²
Freud, ao descobrir o inconsciente e inventar a Psicanálise, apresentou a realidade psíquica,
subvertendo a histórica. Nela, mostrou que a clínica dos sintomas diz respeito a uma memória
em ato, repetida na transferência que se instala entre um psicanalisando e seu psicanalista. O
que são os sintomas, de onde eles vêm? Afecções corporais, afetos múltiplos e enigmáticos,
pensamentos incessantes são o preço pago pelo sujeito para estar inscrito num certo laço
social.
A afirmação de que todo sintoma é uma formação de compromisso implica compreender que ele
resulta do retorno de um gozo imutável daquilo que foi esquecido, recalcado quando todo
sujeito ingressa no campo da fala e da linguagem. Qualquer sintoma é oriundo do sentimento
de culpa e da contenção das pulsões, o que resulta no mal-estar na civilização.
Lacan dirá que o sintoma é linguageiro, o inconsciente, portanto, sendo estruturado como
uma linguagem. Mas toda realidade discursiva é atravessada por uma nova dimensão: a
dimensão política. Ora, a política dos homens é o reflexo de suas paixões e do
desconhecimento em relação às mesmas e ao desejo inconsciente.
No palco do mundo, onde as paixões se mostram subvertendo a ordem civilizatória, é preciso
lançar mão da experiência própria para reencontrar a noite repetida do homem - os campos
de extermínio, guerras e desigualdades, enfim, os crimes que a humanidade coleciona, desde o
início dos tempos.
O horror espreita a arte e a literatura, é real e atemporal; denuncia a presença de um mal-estar
que acompanha o homem em toda sua existência enquanto ser civilizado. O mal-estar não
cessa de se fazer presente.
Nessa XIX Ciranda, pretendemos discutir o mal-estar de nossos dias, a partir da interrogação
lançada pela Psicanálise, em direção ao que se mostra no campo das Artes e da Literatura: que
tempo é o nosso?
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¹ Freud, S. (1930). O mal-estar na civilização. ESB, Rio de Janeiro. ImagO. Vol XXI, pág. 133
² Koot, Jan. “Shakespeare nosso contemporâneo”. São Paulo, CosacNaify, 2003, pág.36
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- De 15 a 22/09 - R$ 150,00 Profissionais / R$ 125,00 00 Estudantes, Participantes da ELP-RJ e alunos do Curso de Introdução à Psicanálise
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