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Para responder às questões que segue, ler a crônica do ficcionista brasileiro Lima Barreto (1881-
1922). A carroça dos cachorros
Quando de manhã cedo, saio da minha casa, triste e saudoso da minha mocidade que se foi
fecunda, na rua eu vejo o espetáculo mais engraçado desta vida.
Amo os animais e todos eles me enchem do prazer natureza.
Sozinho, mais ou menos esbodegado, eu, pela manhã desço a rua e vejo.
O espetáculo mais curioso é o da carroça dos cachorros. Ela me lembra a antiga caleça dos
ministros de Estado, tempo do império, quando eram seguidas por duas praças de cavalaria de
polícia.
Era no tempo da minha meninice e eu me lembro disso com as maiores saudades.
- Lá vem a carrocinha! - dizem.
E todos os homens, mulheres e crianças se agitam e tratam de avisar os outros.
Diz Dona Marocas a Dona Eugênia:
- Vizinha! Lá vem a carrocinha! Prenda o Jupi!
E toda a “avenida" se agita e os cachorrinhos vão presos e escondidos.
Esse espetáculo tão curioso e especial mostra bem de que forma profunda nós homens nos
ligamos aos animais.
Nada de útil, na verdade, o cão nos dá; entretanto, nós o amamos e nós o queremos. Quem os ama mais, não somos nós os homens; mas são as mulheres e as mulheres pobres,
depositárias por excelência daquilo que faz a felicidade e infelicidade da humanidade - o Amor.
São elas que defendem os cachorros dos praças de polícia e dos guardas municipais; são elas
que amam os cães sem dono, os tristes e desgraçados cães que andam por aí à toa.
Todas as manhãs, quando vejo semelhante espetáculo, eu bendigo a humanidade em nome
daquelas pobres mulheres que se apiedam pelos cães.
A lei, com a sua cavalaria e guardas municipais, está no seu direito em persegui-los; elas,
porém, estão no seu dever em acoitá-los.
BARRETO, Lima. Marginália. Disponível em:
. Acesso em: 27 jul. 2018.
No trecho: “E toda a “avenida" se agita e os cachorrinhos vão presos e escondidos.”, as aspas
na palavra avenida foram utilizadas com propósito: